fosse um deus
fosse um lagarto subiria os muros e mais acima em cada dia
sem correr atrás de insetos e fungos das plantas e do barro
deixaria as patas levitarem soltas em balé desnorteado
voaria em transe assimétrico com o rabo de frenético colibri
fosse um colibri desceria ao chão pelos troncos em cada bosque
deixaria flores de lado e sugaria as bocas de lesmas e caramujos
faria das asas patas pensas em correrias cambaleantes
apressaria em arrancos as penas de lagarto imaginário
fosse um desenhista aprontaria mundos e seres impensáveis
viraria de avesso a frente, o verso e a seiva do labirinto
até que não conseguisse mais ver a mim nos espelhos
coisas e seres seriam seres e coisas com a face do éden
mas de olhar distinto ao ver de si com o olhar do outro
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