Recompensa
A manhã e seus tropeços
a tarde e seus cansaços,
resíduos de um velho dia.
Na noite, os meus abraços
entre seus braços
de farta coreogragia.
Mosaico
Não me importa o que sou.
De nada vale a pena
deslumbrar-se
na vã tentativa de admirar
o que fez, o que foi, o que tem.
Orgulho-me, sim,
daquilo que não fui.
Só assim consigo estar mais leve
e ver além do sol,
porque das decepções que não sofri
e das frustações que não tive
a mim e aos demais poupei.
Entre tantas despedidas,
amizades desfeitas ou amores inconclusos,
ficou-me a estrada
e a estranha, iniludível sensação
de estar inacabado.
Contraponto
No parapeito
da velha ponte de Cataguases
esta água em que me dispo:
espelho do que fui.
Da palavra
(In) tento alinhavar a palavra
retesar da pena
à procura do verso.
Enquanto isso,
incursão no sulco que a pa-
lavra submersa e insubmissa.
Seu reverso me ilude
poesia esquiva
Perverso, o verbo desencontra o percurso
e no recurso,
fatigado,
cobiça o limiar do poema.
Outros papos
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário