Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

terça-feira, 20 de março de 2012

Aldir Blanc

http://youtu.be/qM09qTwmaJ4 - Letra de Aldir Blanc e música de João Bosco

Dois Pra Lá, Dois Pra Cá

Sentindo frio em minh'alma
Te convidei pra dançar
A tua voz me acalmava
São dois pra lá, dois pra cá
Meu coração traiçoeiro
Batia mais que o bongô

Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor
Minha cabeça rodando
Rodava mais que os casais
O teu perfume gardênia
E não me pergunte mais
A tua mão no pescoço
As tuas costas macias
Por quanto tempo rondaram
As minhas noites vazias
No dedo um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante
Band-aid no calcanhar
Eu hoje me embriagando
De whisky com guaraná
Ouvi tua voz sussurrando
São dois pra lá, dois pra cá.

Incompatibilidade de gênios

Dotô
Jogava o Flamengo, eu queria escutar
Chegou
Mudou de estação, começou a cantar
Tem mais
Um cisco no olho, ela em vez de assoprar
Sem dó
Falou que por ela eu podia cegar
Se eu dou
Um pulo, um pulinho, um instantinho no bar
Bastou
Durante dez noites me faz jejuar
Levou
As minhas cuecas prum bruxo rezar
Coou
Meu café na calça pra me segurar
Se eu tô, ai, se eu tô
Devendo dinheiro e vem me cobrar
E vem me cobrar
Dotô

Ai, dotô
A peste abre a porta e ainda manda sentar
E ainda manda "sentá"
Depois
Se eu mudo de emprego que é pra melhorar
Que é só pra melhorar
Vê só
Convida a mãe dela pra ir morar lá
Se eu peço feijão, ela deixa salgar
E ela deixa salgar
Calor
Ai, calor
Mas veste casaco pra me atazanar
Só pra atazanar
E ontem
Sonhando comigo, mandou eu jogar
Mandou eu "jogá"
No burro
Foi no burro
E deu na cabeça a centena e o milhar
Ai, quero me separar 
Mestre-sala dos Mares
Há muito tempo / Nas águas da Guanabara / O Dragão do Mar reapareceu, / Na figura de um bravo feiticeiro / A quem a história não escreveu.

Conhecido como o Navegante Negro, / Tinha a dignidade de um mestre-sala / E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas, / Foi saudado no porto / Pelas mocinhas francesas, / Jovens polacas e por batalhões de mulatas.

Rubras cascatas / Jorravam das costas dos santos / Entre cantos e chibatas, / Inundando o coração / Do pessoal do porão / Que, a exemplo do feiticeiro, / Gritava então:

Glória aos piratas, / Às mulatas, / Às sereias, / Glória à farofa / À cachaça, / Às baleias...

Glória a todas as lutas inglórias / Que através da nossa história / Não esquecemos jamais. / Salve, o Navegante Negro, / Que tem por monumento / As pedras pisadas no cais.

Linha de Passe

Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá, do samba
Um caldo de feijão, um vatapá, e coração
Boca de siri, um namorado e um mexilhão
Água de benzê, linha de passe e chimarrão
Babaluaê, rabo de arraia e confusão...

Eh, yeah, yeah . . .
(Valeu, valeu, Dirceu do seu gado deu...)
Cana e cafuné, fandango e cassulê
Sereno e pé no chão, bala, camdomblé
E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão
Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau
E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal
Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval
Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs
Meu pirão primeiro é muita marmelada
Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
E a pedalada
Quebra outro nariz, na cara do juiz
Aí, e há quem faça uma cachorrada
E fique na banheira, ou jogue pra torcida
Feliz da vida
Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá do samba
Do samba, do samba, do samba, do samba

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