Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Vera Americano

Filme Noir

Um silêncio oco, de catedral,
passos ressoam,
uma porta bate.

Se você não percebeu,
fui eu,
definitivamente.

Submissão

Um fogo agudo e medonho
me queimou.
(talvez eu tenha morrido
e não saiba que
minha sombra oblíqua na parede
é um retrato).

Escassez


Ah! o engano
a alimentar
a garganta esfolada
sem que verta o cântaro.

Porque toda véspera
é tensa
e pulsa
seu esforço ainda vazio.

A véspera
é pura sede.


Anel

Estupendo fulgor
teu corpo exala
em torno da possibilidade:
soma-se ao aro
o ébrio diamante.

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