Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Isabel Mueller

Poesias de Alumbramento

I
As costas revoltas orlas
recostam meu ser
As baías funduras que avisto
que sonho e insisto sem nunca saber
Mas sentir é saber
e saber das vísceras é visão de têmporas
temporais que limpam o que ficou para trás
O que ontem eram medo
hoje só mais um enredo
de montanhas e tais.

II
Somos tão iguais nas buscas
mas ninguém se atreve à simplicidade
busca-se sofisticação
e vira treva a solidão
Um abraço pode bem mais
um sorriso cura
a alma em desaviso


III
Tudo pode ser
diferente eloqüente
semelhante abundante
O amor que se propaga
é sol que irradia
é espelho que reflete
de dentro a ventania

IV
Recolhe-te aos teus espaços
como as aves retornam aos ninhos
depois de muito ver do alto


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