Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Milton Nascimento - MPB (Músico Poeta Brasileiro)

http://youtu.be/ZRG9TaNDaRc

Bola de meia, bola de gude

Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão

Cais

Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

Circo Marimbondo

Circo Marimbondo
Circo Marambaia
Eu cheguei de longe
Não me "atrapaia"
Vê se não me amola
Larga a minha saia
Circo Marimbondo
Circo Marambaia
Se eu te der um tombo
Tomara que caia

Eldorado

Quem te ensinou viver
Menino, quem foi teu mestre e mais
quem diz que vem do amor
E chega pra derramar meu ais
Quem te ensinou esperar
Não perde por esperar demais
Beira do cais estou
Na beira de uma saudade a mais
Volta para a estrada, gente cigana
vamos festejar o pouco que há
Nad se compara à farra da terra
Quando a caravana passa por lá
Eu tambem fiz vinte anos Eldorado
E a caravana quis me levar
Me jogaram pra dormir num chão de cadeia
No meu sonho eu via as ondas do mar
Olhos que deram luz nos meus olhos
Nesse olhos onde estrelas vem se mirar
Caros olhos negors espelho da seda
Matam de saudade e o resto é lenda
É lenda
Quis te conhecer melhor, veio a madrugada
E me carregou pra um outro lugar
Muita coisa eu esqueci no fundo da mala
Mas não me separo daqule olhar
Não se poderá dizer não é de nada
Olhos que são meus de tanto sonhar
Não me lembro de ninguem com olhos mais negros
Nem manhã mais clara de se lembrar
Eu tambem fiz vinte anos Eldorado
E a caravana quis me levar
Me jogaram pra dormir num chão de cadeia
lam no galope as ondas do mar

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