Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cristina Bastos

Qualquer Coisa


Vasa pela fresta
do vaso quebrado
o verbo,

não carece mais
que um insípido objeto
para ser

verso
transbordante


Aceito


Se estranha a teia
assimilo o asco
do desconhecido,

aranha enorme,

uma batalha disforme
entre verbo
e a garra do instinto


Nua


A máscara está deposta
desconhece-me
eu sei sobre seu espanto

certamente
não será a última,

já tendo me despido
esqueço-a,

máscaras morrem
quando postas sobre a mesa.

Verso bailarino


Poemas que dançam
são etéreos

preferem
não ser impressos

valsam
sugerindo.

Um comentário:

  1. Parabéns pela janela aberta, Peliano. Lindos os trabalhos desses poetas no plantão no ofício de trazer poes de volta. Ainda bem! Nem tudo está perdido :)
    Bela escolha de poemas de nossa querida Cristina.

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