Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

José Carlos Peliano


 
 
Adeus a Oscar Niemeyer
 
A arquitetura em Oscar
virou arquitextura
onde a luz se deitava
a sombra se acostumava
a vida se admirava
Oscar livrou os traços
das curvas e da arte
das retas aprisionadas
no concreto e na falta de graça
 
Epitáfio
 
Pouca a arquitetura
que não chega à arquitextura
das obras de Oscar
que só ele, os pássaros,
as nuvens, as ondas e os ventos
sabiam se aventurar.


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